segunda-feira, 11 de março de 2013

Cartas ao Vento...A Maldição


Mina, a caminhar comigo, você morre em sua vida respirável, e renascer no meu ... Então, eu dar-lhe vida, amor eterno imortal, o poder da tempestade e os animais da terra.Caminhe comigo e com a minha esposa amorosa para sempre. (Drácula, de Bram Stoker)

Sempre acreditei nos sonhos e estar ao seu lado para mim era esta vivendo um sonho, um sonho que me parecia tão irrealizável, mas que no entanto aconteceu. Pronto fazia parte da sua vida, do seu mundo. Eu era sua e com a certeza do nosso amor juramos laços de um amor eterno.

A princípio parecia tão normal quanto a vida de um humano. Não conseguia distinguir a diferença dos dois mundos. Eram tão iguais, pessoas, casas, famílias, amigos, normas. Mas as responsabilidades talvez fossem diferentes. Eu tinha normas a cumprir que talvez nenhum humano fosse capaz de imaginar. Eram meus instintos que falavam por mim e ditavam regras que corroíam meu coração, triste coração que já não batia mais, esse era o preço que eu tinha que pagar pela escolha que fiz.

Estava amaldiçoada, eu sabia disto. Meu corpo gelado e frio, sem alma, sem vida, mas com um coração humano que me levava de encontro as minhas lembranças mortais. Ainda vivia sob forte influencia da minha vida como humana, ela fazia com que eu não conseguisse ser impiedosa ou deixasse de ser a humana tão doce e gentil que fui. 

Eu precisava caçar, morder, agir como uma vampira, mas não conseguia. Pensava em mim mesma quando tal fato acontecera comigo e fui levada estupidamente ao limbo. Não desejava para os outros o que eu não queria para mim. Então decidi que compraria meu próprio sangue a ter que tira-lo a força.

Minha fome estava saciada, já poderia me alimentar sem problemas, mas havia algo do qual eu não poderia fugir, a caça. Por mais humana que eu fosse, o extinto de vampira fazia com que eu desejasse caçar. Era preciso se lançar ao mundo e ir em busca de novas almas, mas não queria colecionar almas, queria antes poder tê-los como amigos e assim fiz. E para que isso acontecesse decidi não tê-las a força, assim como você fez comigo um dia. A decisão de se tornar um vampiro teria que partir do próprio humano, eu não poderia decidir por ninguém, deveria ser uma escolha própria.

Mas não conseguia entender, o meu corpo desejoso ansiava pela caça e por mais humana que eu ainda fosse eu sempre saia na esperança de encontrar uma alma que quisesse ser levada por mim. Mas eu era uma vampira inteligente, sabia usar as palavras e estas convenciam. Era meu maior dom, o do convencimento. Não era preciso usar o meu corpo como sedução apesar de suas lindas formas, eu era mais que um corpo, mesmo sem vida. Eu era sedutora, formosa e encantadora, envolvia facilmente minha presa. Gentil e romântica, lábios doces e ao mesmo tempo ousados. Sabia conversar, ser educada, prestar ajuda quando necessário, ser solidária e jamais transformava sem que antes houvesse criado laços com a vítima.

Apesar da aparência frágil e delicada uma força enorme saltava de dentro de mim e quando estava diante da minha caça eu ficava irreconhecível. Aquela não era eu, não a doce humana de antes. Meus instintos me guiavam e de minha boca saiam palavras que não ouso descrevê-las aqui. Era um sentimento muito forte, envolvente, burlava minhas leis e todas as leis que pudessem existir no mundo. Naquele momento, eu era fria e a única coisa que me importava era a caça. Atrai uma vítima com toda aquela beleza e palavras dóceis não era algo difícil. O difícil era chegar em casa e recordar de tudo que havia feito.

Lati.