sábado, 6 de julho de 2013

Cartas ao Vento... Ausência...

"Hoje sou apenas ausência esperando para partir." Latikha Lin

Foi desta forma que eu sai de sua vida, acreditando que não havia espaço para mim nela. Você amou tudo com devoção, até as mais improváveis ou insípidas razões, mas não soube amar a quem estava a sua frente olhando pra você, sempre ao seu lado, abraçando os seus sonhos, mendigando um pedaço do seu coração, um espaço em sua vida. Sai porque viver à sombra das lembranças era cruel demais.

A separação foi longa, muitos meses atravessados por um rio de novas conquistas, novas descobertas, novos relacionamentos. Estradas que nos permitiram crescer como pessoas e de certa forma criar um escudo em torno de nós mesmos. Eu já não era mais a mesma e por certo você também não.

Entre mentiras e injustiças fomos levados a acreditar em um mundo fantasma onde não havia mais mocinhos e heróis e sim apenas bandidos. Um mundo desonesto, cheio de espinhos do qual já não nos pertenciam mais. Estávamos cansados demais em trilhar por uma estrada escura, fria e sozinhos. Deixarmos um sonho para trás, um castelo que se tornaria apenas ruínas...poeira levada pelo vento.

Separados pelo tempo, outonos e primaveras sem fim. A morte se aproximava de você quando um anjo veio me buscar. Meu Amado Imortal estava em perigo e eu mais que de pressa fui ao seu encontro. Neste momento pude sentir a chama queimando no meu peito, a velha chama que nem o tempo foi capaz de apagar. Enquanto se preparava para se jogar do abismo, segurei-o pelo braço e num forte abraço disse: “fica, preciso de você”. Você correspondeu meu abraço e parecia que tudo havia voltado ao normal. Nos amamos como se tivesse sido pela primeira vez. Mal pude me conter de tanta emoção, não acreditava que era você, que depois de tanto tempo estávamos juntos novamente. Queria que as horas parassem neste instante, que o tempo não existisse e eternamente estaríamos juntos, pra sempre como se não tivesse existido um passado entre nós dois.

Mas isso era pedir demais. Seus sonhos eram outros e mais uma vez eu não cabia neles. Eu já não me contentava mais com migalhas, ou tinha você por inteiro ou não tinha nada. Você fez a sua escolha e eu a minha. Seguiu em frente com a mesma frieza de sempre, amando tudo que lhe era provável, mais significativo...deixou, talvez, a última chance de retornarmos de onde paramos para trás. Nunca soube reconhecer em mim o grande valor que eu tinha por você durante todo esse tempo. Nunca fui prioridade, nunca fui conquista, nunca soube lutar por mim. Penso que tudo que vivi, vivi sozinha, pois, nunca me amou como eu o amei.

E eu...desisti de tentar. Coloquei um fim a estas cartas, da mesma forma que coloquei um fim ao nosso amor.



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