quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cartas ao Vento... O Despertar de um Sentimento...

“Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente!” Machado de Assis 

Se a história os apresenta assim, a vida real mostra o outro lado destes seres tão dependentes de carinho e afeto, capazes de cometer loucuras como qualquer ser humano seria capaz. Mesmo com seus super poderes não conseguem sobreviver sem a existência dos humanos. O sangue é vital aos vampiros tanto quanto aos humanos. Sem sangue, eles morrem sem sangue nós morremos. Sua pele fria e sem vida necessita ser aquecida com o calor humano. Seu coração já não bate mais, mas nem por isso deixam de amar. A imortalidade é um mero acaso, se eles são imortais, nós nos perpetuamos através de nossas lembranças. E a cada palavra que se esvaziava de minha mente percebia o quanto éramos parecidos. 

Sim, tínhamos muito em comum, os mesmos gostos, as mesmas ideias, o respeito um pelo outro e principalmente a vontade de estar juntos. Dividimos nossos melhores momentos e sem sombra de dúvida, o que tínhamos de melhor em nós mesmos. E como já era de se esperar, nossa amizade só aumentava. 

Disposto a me ajudar a compreender melhor o seu mundo, levou-me para conhecer lugares incríveis. Sempre muito paciente não hesitou em responder a todas as minhas perguntas, por mais tolas que fossem. Dividiu seu conhecimento, seus sentimentos, seu mundo. E quanto mais você falava mais eu queria aprender. 

Sempre muito gentil e carinhoso lembrava-se de mim mesmo em ausência. Recados de afetos eram deixados em off. Um olá, bom dia ou um simples oi tornaram-se palavras essenciais em nossa amizade. Foi a melhor semana de toda minha existência em SL. Sua companhia era tão agradável que eu me esquecia de todo o resto. Esquecia os meus objetivos, os meus amigos, a minha realidade. Queria compartilhar com você tudo que via e ficava sempre a sua espera. Mas, nem sempre era possível porque você sempre foi muito cuidadoso e responsável. 

Sabendo do meu apreço pelos vampiros e da incerteza de que me tornaria uma, um dia te prometi minha alma. Se um dia isso acontecesse ela seria sua. Era uma promessa feita que jamais quebraria. Mas, como um vampiro respeitoso, nunca me pediu. Tinha nossa amizade em primeiro lugar e isso sempre ficou muito claro em nosso relacionamento. 

Você ficou ausente por um tempo. Acabei acreditando que o problema era comigo. Mas o que eu teria feito? Fiquei angustiada a procura de respostas e acabei me isolando do resto do mundo. Sentia que já não era mais a mesma, pois, meu comportamento havia mudado. 

E assim as horas foram se passando, dias, semanas. E nesse passar, uma ilusão guardei, ver-te novamente, sempre mais e mais. Com isso descobri que não podia mais ficar longe de você. E sem que eu percebesse me dei conta de uma coisa, estava perdidamente apaixonada. 

Não havia como negar, os sinais eram evidentes. Sentia uma forte angustia em meu coração. Não queria estar nos lugares sem você. Quando te via meu coração parecia que ia pular pela boca e sempre ficava acanhada na tua presença. As palavras fugiam de minha boca e você atormentava a minha mente. Dia e noite, só pensava em você e te carregava pra onde quer que fosse. Às vezes me pegava sorrindo sozinha, como uma louca. Sim, eu realmente estava apaixonada. 

Tudo aconteceu muito depressa. Terei sido seduzida por você? Realmente não sabia a resposta. Só sabia de uma coisa, junto ao seu silêncio guardei o meu. E assim o fiz. Me calei.

Lati.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cartas ao vento... Destino ou Acaso?

O acaso não existe. Quando alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua própria necessidade o conduzem a isso. (Demian)  Herman Hesse 

Não vou negar que estórias de vampiros me fascinam. O que eu não podia imaginar era que se tornaria real em minha vida, ou melhor, em minha segunda vida. Na tentativa de entender mais sobre a vida desses seres acabei vivendo experiências incríveis que só poderiam acontecer em sonho. Fiz muitas coisas, andei por muitos lugares, visitei terras longínquas e inimagináveis. Conheci muitas pessoas interessantes, outras nem tanto, sonhei acordada e acho que ainda estou sonhando. 

Mas o que sabemos sobre os vampiros? São imortais, possuem certos poderes, alimentam-se de sangue, consomem almas. Seres amaldiçoados, condenados a viverem eternamente na escuridão de sua existência. Sim, isso tudo a gente já sabe por que é a forma como os filmes costumam apresentá-los. O que ainda não sabemos, ou pelo menos fingimos não saber, é que o mundo dos vampiros é bem semelhante ao nosso. Aliada ao seu egoísmo, a raça humana pode fazer coisas terríveis. Causamos a extinção de espécies, matamos e roubamos. Somos os únicos seres do planeta capazes de destruir nosso próprio habitat. Sendo assim, todos somos em parte vampiros por natureza. No entanto, preferimos fingir que nada disto acontece que o nosso mundo é perfeito e as coisas ruins só pertencem ao mundo das trevas. Pelo pouco tempo que tenho neste mundo, já pude presenciar alguns fatos desagradáveis, alguns até passíveis de punições pelo seu regulamento. E isso vindo por parte tanto de vampiros como de humanos. É bom lembrar que gente ruim existe em qualquer lugar e isso independe da raça, cor, classe social, ou em quantas vidas você resolver ter. Mas, não devemos generalizar acreditando que todos agem da mesma forma. 

Apesar de gostar e querer estar entre eles, não aceitava a ideia de me tornar uma vampira. Viver como uma vampira era algo ao qual eu não estava ainda preparada. Faltava-me conhecimento, dinheiro para que eu pudesse manter uma vida imortal, disciplina e talvez tivesse receio dos preconceitos que alguns humanos têm sobre os vampiros. Não estava aqui pelo jogo, tinha outros objetivos e minha vida profissional poderia estar em risco. Assim, temia que portas pudessem ser fechadas para mim no momento em que tomasse esta decisão. Então, resolvi esperar um pouco mais até que tivesse realmente certeza do que queria. 

Cada vez que me aprofundava sobre eles mais envolvida eu ficava. Mas tudo que eu sabia era de ler em livros, apenas teoria. Até que finalmente o destino resolveu aprontar e colocou no meu caminho, adivinhem? Um vampiro. Mas, não era um simples vampiro! 

E o que havia de tão especial nele? Por que meus olhos haviam o distinguido entre tantos olhares naquela noite? Talvez a minha curiosidade tenha falado mais alto e suplantado todos os meus sentidos. Seres curiosos são os humanos! 

Lembro-me bem daquela noite. Você parado a apenas alguns metros de distância. É um hábito comum lermos os perfis de quem esta a nossa volta. Os perfis são como uma certidão de nascimento onde apresentam informações relevantes que faz de você um ser único entre os demais. E a sua certidão dizia assim: “... gostaria antes de tudo dizer que sou um vampiro, posso te morder e te transformar em um, porem não vou pedir isso a você, tem que ser uma escolha consciente sua...” 

A leitura fez com que eu ficasse ainda mais interessada. Poderia me aproximar sem o receio de receber uma mordida no pescoço, a menos que desejasse, é claro! 

Sem hesitar, mesmo de longe, enchi meu peito de coragem e mesmo sem saber se você responderia lhe perguntei: 

_ O que faz um vampiro? 

Já não era mais a teoria. Estava em contato direto com um vampiro. E o que isso significava? O que eu podia esperar? Nada, não esperei nada. Era apenas uma pergunta sem importância para um estranho que o destino fez cruzar o meu caminho sem saber o porquê. Era o que eu havia pensado naquele momento. Apenas mais um que quando descobrisse que não misturava minha vida real aos meus sonhos iria sair correndo como fizeram outros bacanas, ou babacas, como queiram. Eu só não imaginava que você faria diferente...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cartas ao vento...

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Fernando Pessoa


Compartilhar lembranças é uma maneira que encontramos de revivê-las. De poder dizer para nós mesmos que tudo foi real e não um sonho. É também dizer para os outros que os sonhos acontecem e são possíveis se assim desejarmos torná-los possíveis. 

Quero compartilhar uma história, dezenas de linhas que escrevi em momentos de minha mais profunda solidão. Momentos que para sempre serão eternizados através destas cartas. Cartas que jogo ao vento na certeza que um dia, quem sabe, se for da vontade do destino, chegará até você. E pelos muitos caminhos que elas percorrerão, espero poder compartilhar não apenas lembranças, mas sentimentos verdadeiros que um dia acreditei que eram não apenas sonhos, mas sim reais. 

Existem histórias que precisam ser esquecidas, outras nem lembradas. Algumas precisam ser vividas, outras apenas recordadas. As cartas que aqui vos escrevo são apenas lembranças de uma vida, lembranças bem guardadas que não servem para nada, não podem ser revividas, apenas recordadas. Se as jogo ao vento porque assim foi preciso, elas hoje não pertencem a ninguém, não há um só destino e muito menos um só destinatário. 

Peço com imenso carinho para àqueles que irão lê-las, não as guardem com vocês, pois, assim como elas foram lançadas ao vento, elas precisam continuar seguindo seu caminho para que um dia se cumpra seu destino. E quando estiver lendo-as, sinta-se como se ouvisse a minha própria voz dizendo baixinho ao seu ouvido, palavras que um dia não consegui dizer. E depois lance-as novamente ao vento... 

Lati...